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Friday, August 29, 2008

Motociclismo no Brasil- Minhas descobertas, indagações e indignações....



Algumas reflexões e constatações a respeito após mais de 10.200 quilometros pelo país...

É realidade e presente em todas as publicações do ramo: o motociclismo no Brasil cresce vertiginosamente. Os números são cada vez maiores.
O crescimento médio no primeiro semestre de 2008 em relação ao mesmo período de 2007 é de 23,33%. E se éramos um país de motos de pequena cilindrada, éramos! Hoje as motos de grande cilindrada estão circulando por todo o lado. O crescimento delas ficou 52,8% maiores (acima de 501cc). As facilidades para adquirir as motos zero kilometros jogaram pra baixo o preço das usadas, assim os motociclistas que sonhavam com sua super moto podem hoje concretizar seu sonho.
Tem muita coisa boa no mercado a preços razoáveis. E lembram da R1 série especial amarela? Pois é, hoje acrescentando um pouquinho a mais naquele valor, poderia se comprar duas iguais!!!!!


Bem, voltando às pequenas: viajei pelo Brasil, cerca de 10.200km. Passei Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Tocantins, Goiás, Maranhão. Capitais, metrópoles, cidadezinhas ribeirinhas encravadas no cerrado, outras no litoral... enfim da Serra Gaúcha aos Lençóis Maranhenses, passando pelo Jalapão e vi muita coisa.
O nosso peão trocou as mulas e jegues por motos, sejam trails ou cities, tanto faz. Eles fazem misérias com elas, em qualquer piso e carregando tudo que se pode imaginar. Vi um rapaz subindo dunas com uma Twister... Vi um cidadão transportando um porco amarrado no banco do carona! Uma família inteira sem capacete circulando pela cidade.



E o selo do INMETRO??????? Pra quê?????? Se nem capacete usam!!!!!!Fiquei “abestada” como ouvia dizer! Moto-táxi é muito comum em muitas cidades e em todo o país, assim como suas Associações utilizando colete de identificação e portando o capacete do carona, frotas de cores iguais, logotipia, e assim por diante.
Mas na mesma cidade pude observar cenas incríveis, do tipo quatro pessoas (piloto, mãe e duas crianças) e todos sem capacete. E o mais incrível, essa muvuca toda sob os olhos atentos de dois guardas de trânsito que faziam a sinalização das vias! E eles não estavam dando a mínima para isso, a preocupação no momento era a fluidez do trânsito, ordenando o vai-e-vem de todos os veículos. Estavam errados??? Claro que não!!!!!

Sinto muitíssimo que não fui preparada para ser uma repórter de motociclismo! E não consegui imagens de tudo isso que falo, pois era tanta coisa e tão rápida que eu tinha duas opções: ou aproveitar minhas maravilhosas férias com meu amado ou ficar de plantão com a máquina pronta para fotografar isso tudo! Optei pela primeira, pois era nosso momento. Entretanto o registro destas imagens na minha mente são vívidos. Impossível não falar a respeito.



Tanto se fala em segurança, selos, leis, mas isso é privilégio (ou não) para muitos poucos motociclistas, achacados com DPVATs absurdos, leis que não se sustentam, válidas pra alguns e não para todos.
Vi motos circulando em rodovias FEDERAIS, BR153, BR222, BR135 com piloto e carona sem capacetes, portando malas, pacotes amarrados de qualquer jeito, e quando não, um animal (a do porco foi numa delas). Ah, e quando eram só duas pessoas na moto, aleluia!

Não estou aqui fazendo apologia ao cumprimento da lei ao pé da letra, não. Estou apenas documentando coisas que vi, e na hora lembrei que em alguns países o capacete nem é obrigatório pois se queremos estar seguros devemos ter este compromisso com nós mesmos sem a necessidade de multas. Cada um sabe quanto vale sua vida.



Todos motociclistas sabem que é ridículo ser multado por estar com um capacete Arai ou AGV por exemplo, adquirido no exterior, que não tem o bendito selo. Se o objetivo é segurança, estamos mais do que seguros pilotando com eles.

Esse agente da lei que está nas ruas para multar isso provavelmente poderia estar usando o tempo e o salário que nós pagamos tirando um meliante da rua.
Todo motociclista ama a vida e quer ficar inteiro ao final de cada passeio, para poder ter outro no dia seguinte!
Assim como o cinto de segurança, quem usa quer estar seguro, mas se não se opõe em espatifar a cabeça no pára-brisa poderia ficar sem usá-lo... Quem é que perde?

E vou além, precisaríamos de policiais nos dando segurança nas ruas para que pudéssemos sair tranqüilos de nossas casas, e não nos parando para ver um capacete, da conformidade dele; isso não ajuda em nada, ao contrário, apenas gera horas extras para eles pararem o trânsito aos finais-de-semana e nos incomodarem desnecessariamente.

Esse assunto é inesgotável, tanto que sempre que o aponto fico mais enfurecida com essa legislação absurda. A segurança nas vias deveria ser uma verdade e uma preocupação geral: com todos os motoristas, com os motociclistas, com os pedestres e principalmente com a grande maioria da população brasileira que são os passageiros de ônibus, metrôs, trens e etc.

Vimos estes dias um acidente horrível com bóias-frias. Em que veículo estavam? Quais as condições daquele veículo? Cadê a legislação para proteger estas pessoas? Elas valem menos? É a nossa mão-de-obra mais valorosa, mais sofrida e mais populosa. Para estes ninguém olha. Quantas vítimas precisarão existir para que se faça alguma lei protegendo-os? Nós motociclistas não somos nada (em número) ao lado destas pessoas todas que utilizam os meios de transportes coletivos mais precários e sem segurança do país. Esse dinheiro gasto colocando blitzes para verificar capacetes deveria estar direcionado a controlar estes veículos.

E a questão do pedágio para motocicletas????? Quanto pesa um automóvel e uma motocicleta? Quem degrada de fato as vias???? O argumento para pedagiar as rodovias sempre foi a construção e conservação das mesmas, já o argumento utilizado hoje declarando o aumento do número de acidentes com motociclistas e a necessidade de socorrê-los é descabido. Tem alguma continha errada nessa história, assim como na continha do DPVAT. Terão cabines específicas para motocicletas? Guard-rails que não sejam FOICES, pinturas à prova de escorregões e limpeza das manchas de óleo das pistas????? Ou será apenas mais uma continha para nós desembolsarmos sob a bandeira do número de acidentes...


Um outro assunto: queria lembrar ao pessoal que escreve sobre números de vendas de motocicletas no Brasil e tece comentários a cerca deles, comparando-os com outros países: tomem cuidado! Li numa revista há pouco, um comparativo destes números com Brasil e Portugal e outro com a Itália... Gente! Nosso país é continental... Quantos Portugais e Italias caberiam dentro da extensão do Brasil??

E para quem acha que moto é privilégio de cidades urbanizadas e avenidas, ruas, asfaltos e etc... Mudem!!! Vi por tudo que foi canto, inclusive onde a distância entre um posto de gasolina e outro excede os 180km e onde o trajeto todo é chão de terra ou areia.

E o melhor deixei para o final: Nunca vi tanta mulher pilotando motos de todos os tipos. Com muita destreza, na areia, na terra, com carona ou não. Viva nós mulheres!
É isso...

Um grande abraço
Julie M.

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