Banner2012

Banner2012

Tuesday, July 20, 2010

110.000 km... de Esportivas!!!


É sabido por todos que me lêem com freqüência que não compactuo com direção perigosa, irresponsabilidade, e etc. Na grande maioria de meus textos, o assunto principal sempre é segurança, respeito e educação no trânsito. Mas também não sou hipócrita a ponto de não reconhecer o apelo que as motos superesportivas têm, que nos remetem invariavelmente à velocidade, a integração piloto e obra de engenharia, máquina.

Outra coisa que gosto muito e que tem me interessado bastante é o moto turismo aventura. Aquele onde se pode cruzar continentes de norte a sul, leste a oeste, mas que quase sempre são feitos em motos com grande autonomia de combustível, conforto na pilotagem e capacidade para muito equipamento extra, tanto para o piloto como para a moto. Motos que podem domar qualquer terreno, desde o asfalto ao rípio das margens de rios e lagos. Viagens que são de 5 a 50 mil kilometros, ou mais, muito mais.

Mas esta será outra história!

Desta vez, com essas distâncias todas em mente, histórias de amigos, motociclistas viajantes, começo pensar em viagens, mas com a minha motinho... e encontro um vizinho de cidade que tem 110.000 kilometros feitos em motinhos nada confortáveis. Claro, já vou adiantar, esta é a soma de todas as andanças feitas por ele a bordo de duas rodas, atualmente, de uma neguinha como a minha: Yamaha R1!

O Cristian Horbach, da vizinha Caxias do Sul. Ele é uma figura carismática, dono de um largo sorriso e simpatia e que tem na sua motinho uma de suas paixões. Fiquei curiosa e resolvi saber mais sobre estes 110 mil kilometros, e segue abaixo um pouquinho desta história:


JM- como e quando começou o interesse por motos:
Cris- O interesse começou quando um amigo e vizinho de prédio disse que estaria comprando uma DT200 para fazer trilha, então eu e o meu irmão Michel (2 anos mais velho) decidimos comprar uma moto para brincar, e lá fomos nós comprar uma Agrale Elefantré 30.0 preta, com documentos atrasados a 6 anos, ou seja, o que tinha de multa e IPVA’s vencidos superava o valor da moto em muito. Nesta época tínhamos uma pick-up e levávamos a moto até estradas do interior para apreender a andar, juntamente na companhia de nosso pai Ademir que também gostou de reviver os seus momentos de juventude quando também possuia uma Agrale Elefantré.


Dessa minha primeira moto a evolução foi da seguinte ordem: Agrale Elefantré 30.0 (para trilha), Yamaha XT 225 (para trilha), Kawasaki KLX 250 (para trilha). Essa última Kawasaki me ajudou a descobrir a paixão pelo asfalto, de forma negativa, mas ajudou. Cerca de 6 meses que havia caído, fraturando dois ossos com a XT 225 fazendo trilha, adquiri a KLX 250. Moto nova, véspera de ano novo (isso mesmo 31/12) e nenhum amigo querendo fazer trilha de moto, decidi passear sozinho. E lá fui eu! O aventureiro e sua moto nova, por aproximadamente uns 40km para perceber e entender a tremenda burrice que havia feito....cai e dobrei o cotovelo ao contrário (resultado: luxação e um braço sem articulação), por sorte, estava no final da trilha que era morro abaixo, e consegui levar a moto até o final da trilha e depois achei uma casa para obter socorro, neste caso (pai e irmãos).

Me recuperei e continuei fazendo trilha mas pensando em parar devido as frustações de tombos frequentes, até que o meu pai, Ademir, comprou uma Suzuki GS 500 pra passear. Ele achava que somente ele usaria a moto, pois eu já tinha a minha moto. Ledo engano, logo surgiu o gosto pelo asfalto e por chegar em casa limpinho! Comecei a freqüentar encontros de moto (com a moto dele). O primeiro grande encontro que participei foi o de Termas do Gravatal. E aí, a certeza da nova paixão, viagens de moto.

JM - quantas motos:
Cris - Agrale Elefantre 30.0 , Yamaha XT 225, Kawasaki KLX 250, Suzuki GS 500, Honda CBR 600, Kawasaki ZX9, Yamaha R1. Mais as motos que compartilhei com meu pai, o Ademir, pois seguidamente pegava “emprestada”. Aí viajei com uma Suzuki GSXR1000 e com uma Kawasaki ZX9 que ele tinha.

JM - e como dividiríamos os 110mil km rodados? Idade e tipo de moto, por exemplo:
Cris - até os 20 anos de idade (motos off Road); dos 20 aos 28 (motos esportivas); posso dizer que teria uns 100.000km de esportiva no asfalto e uns 10.000km (off Road).

JM – Fale-me sobre sensações/importância/significado pra tua vida e apoio da família:
Cris - A sensação que tenho andando de moto, é algo que todo motociclista sente mas extremamente difícil de traduzir em palavras, mas vou tentar elencar: o cheiro da estrada, a vontade de conhecer lugares diferentes, pessoas diferentes, amigos em diferentes partes do Brasil, aquela vontade de tomar um café na beira da estrada, de parar simplesmente para contemplar a estrada e falando especialmente das esportivas (minha paixão), só quem já acelerou uma esportiva sabe do que estou falando, aquela sensação de adrenalina misturada com o medo e embalada por uma concentração aonde tudo que não seja a sua moto ou você seja importante.

Dentro da família somos em 3 motociclistas, então o sentimento entre a família é: vai pilotar, mas com cuidado. Confesso que ao final de um sábado de sol, não há nada mais satisfatório do que chegar em casa e ver as outras duas motos da família guardadas impecáveis. Sempre recebo apoio da família para curtir motos pois todos sabem que é uma paixão, mas o sentimento de medo da perda de um familiar sempre vai prevalecer e conseqüentemente as vezes recebo incentivo familiar para ficar em casa num sábado de sol (em vão, mas a minha querida mãe tenta!). Algo que chama a atenção e gera muita curiosidade é o fato de seguidamente viajar aos encontros na companhia dos colegas e do meu pai, também proprietário de uma R1 e que acompanha o ritmo forte da moçada sem se queixar.

JM
– Fale sobre tua melhor viagem:
Cris - A minha melhor viagem foi em 02/07/2004, quando parti com a minha ZX9 em direção a Balneário Camboriu acompanhando um amigo que estava de mudança para São Paulo e queria levar a sua CBR. Parti numa sexta-feira de manhã com a missão de acompanhá-lo até Balneário Camboriu. No sábado de manhã nos despedimos e parti em direção a Urussanga-SC, no famoso encontro Motovinho, aonde encontrei alguns amigos e passei o sábado e no domingo retornei para Caxias do Sul via Porto Alegre. Aí muitos me perguntam, mas porque essa foi a melhor viagem? Confesso que não sei, apenas lembro do sentimento de amor pelo mototurismo que estava sentindo naquele momento, algo inexplicável e que de tão simples me marcou demais, seja por estar parando para almoçar sozinho na BR101, ou para tirar fotos na estrada. Enfim, o sentimento era de estar fazendo algo simples mas com tanto amor que é difícil explicar.

JM – E houveram longas distâncias, quais?
Cris - Nunca fui adepto a longas viagens, talvez por não ter oportunidade em função de trabalho, família, e/ou parceiros de esportivas dispostos a essas viagens. Mas a vontade de fazê-las é enorme, inclusive tentei organizar duas sem sucesso aos nossos países vizinhos, Uruguai e Argentina. Em compensação sempre estou na estrada e não é difícil me encontrar por aí, basta ir até um bom encontro ou então ir até Balneário Camboriú, reduto de bons motociclistas e distância ideal para se fazer em um final de semana a bordo de uma esportiva (1.100km entre ida e volta). Lembro de ter te encontrado em Balneário Camboriu em um ano que era a 7ª vez que estava naquela cidade a passeio de moto.

JM - Quanto ao relacionamento com os motociclistas em geral, o que me dizes:
Cris - Excelente, pois em geral é uma irmandade, onde se você precisar de algo certamente vai achar um bom samaritano, diga-se sinônimo de motociclista.

JM – E a tua participação em eventos de motociclismo:
Cris - Perdi a conta, há muito tempo da quantidade de eventos que participei, os encontros como Termas do Gravatal-SC (7 edições), Laguna-SC, Araranguá-SC, Tramandaí-RS, Brusque-SC, Urussanga-SC, Balneário Camboriu-SC entre tantos outros.

JM
– Sobre pistas e/ou profissionalismo:
Cris - Sempre me atraiu demais as pistas, porém o custo de competir me repele até hoje. Ano passado decidi brincar numa etapa do Campeonato Gaúcho de Motovelocidade, aonde existe uma categoria que aceita qualquer tipo de preparação de moto, ou seja no meu caso, nehuma, a moto exatamente como chegou da estrada foi colocada na pista (com placa e tudo). Para minha surpresa ainda obtive um quinto lugar com direito a pódio, troféu e muita alegria.


JM - Apontamentos finais:
Cris - Sempre quis expressar minha opinião por algo tão banal e polêmico. A discussão de MOTOQUEIRO ou MOTOCICLISTA??? muitos motociclistas se sentem ofendidos ao serem chamados de motoqueiros, pois motoqueiro tem uma conotação negativa para muitos. Mas não para todos, pois entendo que o simples fato de amar, curtir e/ou sobreviver sobre uma moto nos unifica de maneira inseparável e seja lá como formos chamados, o objetivo final é o mesmo, estar em duas rodas. Vale ressaltar que não conheço nenhum motociclista, motoqueiro, piloto ou moto-boy que odeie motos, então estamos todos no mesmo barco, ou melhor, na mesma paixão, que para alguns move em direção a um passeio, outros a um encontro, outros a uma pista ou ainda ao sustento de uma família ou um filho com fome.

As fotos foram todas cedidas pelo Cristian, dos álbuns da Família Horbach








No comments: