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Tuesday, July 20, 2010

110.000 km... de Esportivas!!!


É sabido por todos que me lêem com freqüência que não compactuo com direção perigosa, irresponsabilidade, e etc. Na grande maioria de meus textos, o assunto principal sempre é segurança, respeito e educação no trânsito. Mas também não sou hipócrita a ponto de não reconhecer o apelo que as motos superesportivas têm, que nos remetem invariavelmente à velocidade, a integração piloto e obra de engenharia, máquina.

Outra coisa que gosto muito e que tem me interessado bastante é o moto turismo aventura. Aquele onde se pode cruzar continentes de norte a sul, leste a oeste, mas que quase sempre são feitos em motos com grande autonomia de combustível, conforto na pilotagem e capacidade para muito equipamento extra, tanto para o piloto como para a moto. Motos que podem domar qualquer terreno, desde o asfalto ao rípio das margens de rios e lagos. Viagens que são de 5 a 50 mil kilometros, ou mais, muito mais.

Mas esta será outra história!

Desta vez, com essas distâncias todas em mente, histórias de amigos, motociclistas viajantes, começo pensar em viagens, mas com a minha motinho... e encontro um vizinho de cidade que tem 110.000 kilometros feitos em motinhos nada confortáveis. Claro, já vou adiantar, esta é a soma de todas as andanças feitas por ele a bordo de duas rodas, atualmente, de uma neguinha como a minha: Yamaha R1!

O Cristian Horbach, da vizinha Caxias do Sul. Ele é uma figura carismática, dono de um largo sorriso e simpatia e que tem na sua motinho uma de suas paixões. Fiquei curiosa e resolvi saber mais sobre estes 110 mil kilometros, e segue abaixo um pouquinho desta história:


JM- como e quando começou o interesse por motos:
Cris- O interesse começou quando um amigo e vizinho de prédio disse que estaria comprando uma DT200 para fazer trilha, então eu e o meu irmão Michel (2 anos mais velho) decidimos comprar uma moto para brincar, e lá fomos nós comprar uma Agrale Elefantré 30.0 preta, com documentos atrasados a 6 anos, ou seja, o que tinha de multa e IPVA’s vencidos superava o valor da moto em muito. Nesta época tínhamos uma pick-up e levávamos a moto até estradas do interior para apreender a andar, juntamente na companhia de nosso pai Ademir que também gostou de reviver os seus momentos de juventude quando também possuia uma Agrale Elefantré.


Dessa minha primeira moto a evolução foi da seguinte ordem: Agrale Elefantré 30.0 (para trilha), Yamaha XT 225 (para trilha), Kawasaki KLX 250 (para trilha). Essa última Kawasaki me ajudou a descobrir a paixão pelo asfalto, de forma negativa, mas ajudou. Cerca de 6 meses que havia caído, fraturando dois ossos com a XT 225 fazendo trilha, adquiri a KLX 250. Moto nova, véspera de ano novo (isso mesmo 31/12) e nenhum amigo querendo fazer trilha de moto, decidi passear sozinho. E lá fui eu! O aventureiro e sua moto nova, por aproximadamente uns 40km para perceber e entender a tremenda burrice que havia feito....cai e dobrei o cotovelo ao contrário (resultado: luxação e um braço sem articulação), por sorte, estava no final da trilha que era morro abaixo, e consegui levar a moto até o final da trilha e depois achei uma casa para obter socorro, neste caso (pai e irmãos).

Me recuperei e continuei fazendo trilha mas pensando em parar devido as frustações de tombos frequentes, até que o meu pai, Ademir, comprou uma Suzuki GS 500 pra passear. Ele achava que somente ele usaria a moto, pois eu já tinha a minha moto. Ledo engano, logo surgiu o gosto pelo asfalto e por chegar em casa limpinho! Comecei a freqüentar encontros de moto (com a moto dele). O primeiro grande encontro que participei foi o de Termas do Gravatal. E aí, a certeza da nova paixão, viagens de moto.

JM - quantas motos:
Cris - Agrale Elefantre 30.0 , Yamaha XT 225, Kawasaki KLX 250, Suzuki GS 500, Honda CBR 600, Kawasaki ZX9, Yamaha R1. Mais as motos que compartilhei com meu pai, o Ademir, pois seguidamente pegava “emprestada”. Aí viajei com uma Suzuki GSXR1000 e com uma Kawasaki ZX9 que ele tinha.

JM - e como dividiríamos os 110mil km rodados? Idade e tipo de moto, por exemplo:
Cris - até os 20 anos de idade (motos off Road); dos 20 aos 28 (motos esportivas); posso dizer que teria uns 100.000km de esportiva no asfalto e uns 10.000km (off Road).

JM – Fale-me sobre sensações/importância/significado pra tua vida e apoio da família:
Cris - A sensação que tenho andando de moto, é algo que todo motociclista sente mas extremamente difícil de traduzir em palavras, mas vou tentar elencar: o cheiro da estrada, a vontade de conhecer lugares diferentes, pessoas diferentes, amigos em diferentes partes do Brasil, aquela vontade de tomar um café na beira da estrada, de parar simplesmente para contemplar a estrada e falando especialmente das esportivas (minha paixão), só quem já acelerou uma esportiva sabe do que estou falando, aquela sensação de adrenalina misturada com o medo e embalada por uma concentração aonde tudo que não seja a sua moto ou você seja importante.

Dentro da família somos em 3 motociclistas, então o sentimento entre a família é: vai pilotar, mas com cuidado. Confesso que ao final de um sábado de sol, não há nada mais satisfatório do que chegar em casa e ver as outras duas motos da família guardadas impecáveis. Sempre recebo apoio da família para curtir motos pois todos sabem que é uma paixão, mas o sentimento de medo da perda de um familiar sempre vai prevalecer e conseqüentemente as vezes recebo incentivo familiar para ficar em casa num sábado de sol (em vão, mas a minha querida mãe tenta!). Algo que chama a atenção e gera muita curiosidade é o fato de seguidamente viajar aos encontros na companhia dos colegas e do meu pai, também proprietário de uma R1 e que acompanha o ritmo forte da moçada sem se queixar.

JM
– Fale sobre tua melhor viagem:
Cris - A minha melhor viagem foi em 02/07/2004, quando parti com a minha ZX9 em direção a Balneário Camboriu acompanhando um amigo que estava de mudança para São Paulo e queria levar a sua CBR. Parti numa sexta-feira de manhã com a missão de acompanhá-lo até Balneário Camboriu. No sábado de manhã nos despedimos e parti em direção a Urussanga-SC, no famoso encontro Motovinho, aonde encontrei alguns amigos e passei o sábado e no domingo retornei para Caxias do Sul via Porto Alegre. Aí muitos me perguntam, mas porque essa foi a melhor viagem? Confesso que não sei, apenas lembro do sentimento de amor pelo mototurismo que estava sentindo naquele momento, algo inexplicável e que de tão simples me marcou demais, seja por estar parando para almoçar sozinho na BR101, ou para tirar fotos na estrada. Enfim, o sentimento era de estar fazendo algo simples mas com tanto amor que é difícil explicar.

JM – E houveram longas distâncias, quais?
Cris - Nunca fui adepto a longas viagens, talvez por não ter oportunidade em função de trabalho, família, e/ou parceiros de esportivas dispostos a essas viagens. Mas a vontade de fazê-las é enorme, inclusive tentei organizar duas sem sucesso aos nossos países vizinhos, Uruguai e Argentina. Em compensação sempre estou na estrada e não é difícil me encontrar por aí, basta ir até um bom encontro ou então ir até Balneário Camboriú, reduto de bons motociclistas e distância ideal para se fazer em um final de semana a bordo de uma esportiva (1.100km entre ida e volta). Lembro de ter te encontrado em Balneário Camboriu em um ano que era a 7ª vez que estava naquela cidade a passeio de moto.

JM - Quanto ao relacionamento com os motociclistas em geral, o que me dizes:
Cris - Excelente, pois em geral é uma irmandade, onde se você precisar de algo certamente vai achar um bom samaritano, diga-se sinônimo de motociclista.

JM – E a tua participação em eventos de motociclismo:
Cris - Perdi a conta, há muito tempo da quantidade de eventos que participei, os encontros como Termas do Gravatal-SC (7 edições), Laguna-SC, Araranguá-SC, Tramandaí-RS, Brusque-SC, Urussanga-SC, Balneário Camboriu-SC entre tantos outros.

JM
– Sobre pistas e/ou profissionalismo:
Cris - Sempre me atraiu demais as pistas, porém o custo de competir me repele até hoje. Ano passado decidi brincar numa etapa do Campeonato Gaúcho de Motovelocidade, aonde existe uma categoria que aceita qualquer tipo de preparação de moto, ou seja no meu caso, nehuma, a moto exatamente como chegou da estrada foi colocada na pista (com placa e tudo). Para minha surpresa ainda obtive um quinto lugar com direito a pódio, troféu e muita alegria.


JM - Apontamentos finais:
Cris - Sempre quis expressar minha opinião por algo tão banal e polêmico. A discussão de MOTOQUEIRO ou MOTOCICLISTA??? muitos motociclistas se sentem ofendidos ao serem chamados de motoqueiros, pois motoqueiro tem uma conotação negativa para muitos. Mas não para todos, pois entendo que o simples fato de amar, curtir e/ou sobreviver sobre uma moto nos unifica de maneira inseparável e seja lá como formos chamados, o objetivo final é o mesmo, estar em duas rodas. Vale ressaltar que não conheço nenhum motociclista, motoqueiro, piloto ou moto-boy que odeie motos, então estamos todos no mesmo barco, ou melhor, na mesma paixão, que para alguns move em direção a um passeio, outros a um encontro, outros a uma pista ou ainda ao sustento de uma família ou um filho com fome.

As fotos foram todas cedidas pelo Cristian, dos álbuns da Família Horbach








SEMANA DO MOTOCICLISTA- REFLEXÕES

No dia do Motociclista sempre procuro falar sobre alguma coisa a respeito de nós, felizardos que usamos as motinhos para nosso deleite e lazer, ou ainda privilegiando a segurança e o respeito entre todos nós, motociclistas ou não.

Quando li o artigo do Sr. Lucas Pimentel, quis enviar para todos vocês as palavras ditas por ele, Presidente da ABRAM- Associação Brasileira de Motociclistas, pois é muito conveniente e oportuna. Não apenas pelo fato que gerou seu texto, a segregação veicular, mas principalmente pelos aspectos que ele elenca e que nós às vezes nos esquecemos e deixamos de lado o poder e força que teríamos, se quiséssemos reivindicar nossos direitos de contribuintes e trabalhadores:

“... que adquirimos nossas motocicletas de empresas legalmente estabelecidas no país, que fazemos a manutenção desse nosso veículo em empresas abertas ao público de acordo com as leis que regem o setor de comércio, que cumprimos o nosso dever de cidadão pagando ao poder público impostos para adquirir, possuir, abastecer, rodar e até mesmo acidentar-se numa motocicleta,...”

Segue o texto na íntegra. Um super beijo e think about!!! Julie M.


O motociclista e o exemplo de Mandela - Segregação veicular

Quero acreditar que você conhece a incrível história de abnegação e superação de Nelson Rolinhlahla Mandela, grande líder que pagou um enorme preço como um ferrenho opositor, a fim de livrar sua nação, a África do Sul, do Apartheid, regime de segregação racial implantado em 1948, pelo qual cerca de 4 milhões de brancos dominavam, massacravam e martirizavam quase 20 milhões de negros. Mandela ficou 38 anos na prisão por seu ideal de ver uma África livre: "Nosso país pertence a todos os que nele vivem", são as palavras de abertura da Carta da Liberdade, escrita por Mandela em 1950.
Esses e outros fatos que nos servem como lição e exemplo de vida estão ao alcance de todos através da internet, e inúmeros livros e filmes sobre a sua vida. Entretanto, o que quero destacar é que Mandela não buscava o seu próprio interesse e sim o de sua nação. Era advogado, portanto, conhecedor das leis, assim era capaz e preparado para obedecer e se contrapor nos momentos certos. Não obstante, fora da prisão, havia um enorme número de pessoas totalmente comprometidas, informadas e envolvidas com a justa causa que Mandela representava.
Em 11 de fevereiro de 1990, após inúmeras sanções internacionais, ele foi libertado, no ano de 1993 recebeu o Prêmio Nobel da Paz e em abril de 1994, por meio de um processo democrático, foi eleito presidente da república, cargo que exerceu até junho de 1999. Sua história de vida contribuiu para que o mundo olhasse com respeito para a África do Sul, tanto que o país entrou para o seleto time dos países-sede de uma Copa do Mundo de futebol. Hoje, no auge dos seus 92 anos, é o homem público mais respeitado na África, e a população esteve ansiosa por vê-lo dignificando a abertura do mundial em curso.
Digo isso porque, deixando de lado os equívocos e exageros de parte a parte, podemos sem dúvida nos inspirar no belo exemplo de Mandela, para fortalecer a nossa luta. Hoje, nós, motociclistas de bem, que nos habilitamos pelo processo estabelecido pela legislação vigente de trânsito, que adquirimos nossas motocicletas de empresas legalmente estabelecidas no país, que fazemos a manutenção desse nosso veículo em empresas abertas ao público de acordo com as leis que regem o setor de comércio, que cumprimos o nosso dever de cidadão pagando ao poder público impostos para adquirir, possuir, abastecer, rodar e até mesmo acidentar-se numa motocicleta, e que ao pilotar uma moto, usamos os equipamentos de proteção individual estabelecidos pelo órgão máximo executivo de trânsito da União, estamos de um modo geral sendo tratados como vândalos.
Pode parecer um exagero, mas vejo surgir diante dos nossos olhos o que podemos chamar de “segregação veicular”. É isso mesmo, o espaço público das vias, que sempre privilegiou os automóveis, agora, em pleno século 21, ganha força total através de uma nova roupagem: “Proibir a circulação de motocicletas em determinadas vias para diminuir as ocorrências de trânsito”. O que, a meu ver, é inaceitável, como certamente era o Apartheid. Não porque sou contra a segurança, pelo contrário, é justamente porque ao nos amontoarmos em vias já saturadas, aumentará exponencialmente o risco de nos envolver em ocorrências de trânsito. O pior é que pelo que vejo há uma Lei que permite o poder público municipal desrespeitar a Carta Magna do país que é a Constituição Federal, posto que com a municipalização a prefeitura pode ignorar o princípio constitucional que diz: “NINGUÉM SERÁ OBRIGADO A FAZER OU DEIXAR DE FAZER ALGUMA COISA SENÃO EM VIRTUDE DE LEI”.
Então, nessas eleições em que, dentre os cargos eletivos, elegeremos deputados federais, precisamos urgentemente eleger pessoas comprometidas com a causa motociclística. Pois são os deputados federais que legislam sobre trânsito, assim cabe a eles mudar o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Talvez, você pergunte: E, além disso, o que podemos fazer de fato? Precisamos mostrar para a prefeitura a nossa indignação. Então, pensemos numa caminhada, assim ninguém será multado. Você precisa falar com cada familiar seu, cada amigo, mesmo que ele não seja motociclista. Mas fique atento: o grande problema que Nelson Mandela enfrentou é que os brancos diziam para os outros brancos que ele queria uma África só para os negros, com isso, os brancos se uniram contra os negros, daí a razão de tanta hostilidade. No nosso caso, precisamos explicar para as pessoas as consequências e os danos que sofreremos em não poder transitar em determinadas vias, pois que são contra motociclistas, tendo uma pista só para eles, serão ainda mais implacáveis conosco. Outra coisa que poderemos fazer caso a proibição entre em vigor é entrar com ações coletivas na Justiça contra a prefeitura com base no Inciso § 3 do Artigo 1º do CTB: “OS ÓRGÃOS E ENTIDADES COMPONENTES DO SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO RESPONDEM, NO ÂMBITO DAS RESPECTIVAS COMPETÊNCIAS, OBJETIVAMENTE, POR DANOS CAUSADOS AOS CIDADÃOS EM VIRTUDE DE AÇÃO, OMISSÃO OU ERRO NA EXECUÇÃO E MANUTENÇÃO DE PROGRAMAS, PROJETOS E SERVIÇOS QUE GARANTAM O EXERCÍCIO AO TRÂNSITO SEGURO”.

Pensemos seriamente nisso!

Lucas Pimentel , 41 anos, é presidente da ABRAM - Associação Brasileira de Motociclistas, membro titular da Câmara Temática de Educação para o Trânsito e Cidadania do CONTRAN.


(Texto extraído da página oficial da ABRAM - http://abrambrasil.org.br/presidencia_16.06.2010.html )