Recebi um e-mail num dos vários Fóruns que participo com grupos de motociclistas por este Brasil afora com um desabafo, com um relato de uma pessoa tão ou mais apaixonada por motos que eu. Que vivencia essas maravilhosas máquinas há muito tempo, que publica suas histórias, seus testes, comparativos, é piloto, é instrutor de pista, enfim, é uma pessoa que pode falar sobre o assunto.
Não o conheço. Mas me identifiquei com seu texto pois sendo admiradora que sou, apaixonada igualmente pelos bólidos, compartilho da mesma opinião e já vi e ouvi muita coisa semelhante.
O texto é extenso e menciona os tristes acidentes envolvendo motos esportivas onde as vítimas somos nós os apaixonados. Vou transcrever alguns pedaços que são idênticos a alguns de meus discursos. Boa leitura, desta vez, sem fotos e por favor, motociclistas amantes da vida, dos prazeres que estes lindos bólidos proporcionam, continuem vivos, responsáveis, conscientes de que sua liberdade termina onde começa a dos outros, das outras famílias e vidas que estão pelas estradas também!
“Amor aos pedaços
... O festival de carnificina que recebi no prazo de 30 dias foi de enjoar até dono de açougue. Quatro acidentes, todos com motos esportivas de grande cilindrada, todos em alta velocidade e 75% deles fatais. O mais impressionante deles me assustou não só pela violência das cenas, mas pela revelação de certa epidemia de curiosidade mórbida pela internet. As imagens correram o Brasil e o mundo em velocidade compatível com a dessas motos... O elemento em comum nestes acidentes o absurdo despreparo das vítimas para pilotar essas motos. Cada vez mais as motos esportivas podem ser comparadas às armas de fogo... Também sou capaz de ficar com uma moto esportiva durante o final de semana sem sentir uma necessidade vital de rodar acima de 200 km/h. Quem me conhece sabe disso e até brigam comigo porque sou muito lento! Só que nem todo mundo que compra uma esportiva tem o necessário preparo. Desde que montei o curso SpeedMaster de pilotagem, em 1999, já vi as mais incríveis situações. Cheguei a receber ligação de uma pessoa que comprou uma 1.000cc esportiva sem nunca ter pilotado moto alguma ao longo da vida. Imagine 160 cavalos nas mãos de quem nunca rodou nem com uma moto de 10 CV! Hoje quem tiver R$ 50.000 na conta e quiser um veículo que se aproxime dos 300 km/h só precisa comprar uma esportiva. Mais nada. Não precisa provar nada. Não precisa fazer um teste psicotécnico, nem de uma carta especial. Basta usar a mesma habilitação feita com uma moto de 12,5 CV e 120 kg, dentro de um ambiente fechado e sem passar da primeira marcha. Se conseguir passar nesse teste já pode ter uma moto de 190 CV e 170 kg capaz de atingir 320 km/h. O resultado dessa política de trânsito a carnificina que vi em quatro acidentes.
... Total falta de preparo e maturidade para pilotar motos esportivas. E se ilude quem pensa estar seguro correndo na pista, porque nesse período também morreu um piloto em Interlagos durante um desses "cursos" ao bater na Subida do Café, ponto que venho condenando há mais de 10 anos e que j provocou a segunda vítima em menos de três meses. O piloto de Stock Cars, Rafael Sperafico, morreu em dezembro do ano passado neste mesmo ponto. Da mesma forma que é preciso passar por um rigoroso exame para pilotar aviões - e tirar o brevê - as motos esportivas precisam ser encaradas como veículos especiais, diferentes das pequenas 125 e 250 cc usadas nos exames de habilitação. E os cursos de pilotagem não devem se limitar a ensinar a "correr". Precisam levar a esses motociclistas a consciência e a vivência da pilotagem segura. Colocar um piloto sem experiência para rodar numa pista como Interlagos é arriscado demais. Eu mesmo dei aulas em Interlagos e parei depois de perceber o quanto à pista é perigosa para iniciantes.
...De volta as estradas. Quando alguém compra uma moto esportiva todo mundo sabe que, no fundo, a idéia é correr! E não venham tentar-me convencer do contrário porque estou nisso há 10 anos. Não cheguei
agora. ... Eu vi motociclistas ultrapassando caminhões pelo acostamento a mais de 200 km/h. Pra mostrar o quê? Coragem? Técnica? Bravo? NÃO reconheci nenhum grande piloto nessa turma. Porque os pilotos de verdade não correm na estrada. Pilotos de verdade correm na pista.
... Não tente imitá-los, principalmente na estrada, porque não aguento mais receber imagens do objeto do nosso amor aos pedaços.
- Geraldo Tite Simões
1 comment:
Ola Julie!
Acabei achando seu blog na net meio que sem querer, e apaixonado por moto como sou, fiquei encantado com o que ja vi por aqui! Primeiro quero te dar os parabens pela iniciativa e pela mente aberta em ser uma Motociclista como é! Segundo, te convidar a visitar o blog do meu motoclube www.aguiasdocerrado.com.br e claro, se estiver passando aqui pelo interior de MG algum dia desses, de uma parada aqui pra conhecer a turma e fazer novas amizades! Não deixe de nos visitar que pode ter certeza que vc ja está aqui nos favoritos! []´s e prazer em conhece-la! :0)
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