Mais motociclistAs… desta vez,
aqui pertinho e uma pessoa determinadíssima!
Tenho escrito sobre estas
corajosas e bravas mulheres em suas superbikes, algumas em pistas participando
de campeonatos disputando de igual pra igual, como a Cris Trentim (e outras que
ainda irei publicar) e as que, como eu, apenas amam e pilotam suas paixões!
Lá no meu primeiro artigo, em
novembro de 2005, escrevi sobre esta ragazza… Minha companheira, estímulo para
acreditar no meu grande sonho em ter a minha superbike também. Deixo o link
aqui para vocês viajarem no tempo como eu fiz:http://www.motoesporte.com.br/motogatas/juli%20ilaine%20sc.htm http://www.motoesporte.com.br/coluna/juli/28-11.htm
Eis que, like a Phoenix, Dona
Ilaine retorna com força total! Desta vez com sua super poderosa, maravilhosa
CBR1000RR! Além de tudo, linda como toda Honda é! Então, não resisti, pois esta
mulher é um exemplo de determinação e muita coragem… Naquela época eu já achava
ela bárbara pilotando sua Kawasaki, hoje nem preciso falar… pois ela mesma irá
dizer a vocês quem ela é! E andei com ela naquele tempão lá atrás e hoje
também! Ela segue excelente piloto, alguém para admirar e quem sabe, apostar. É
o que ela vai falar ao longo desta entrevista. À princípio fiz um roteiro
pensando em construir um texto a partir dele, porém ficou bem bacana e resolvi
deixar assim. Com vocês as palavras da Ilaine Ceratti!!!!
1. Identificação: Ilaine Ceratti,
34 anos, gerente financeiro, Caxias do Sul-RS.
2. Fale como e quando começou o
interesse por motos: Comecei acompanhando o surgimento das esportivas, na época
as Kawasaki, em 1991, então com 14 anos. Só olhava, achando que seria muito
difícil, impossível pilotar uma, e querendo ou não, a sociedade já empunhava
que isto era “coisa de menino”, até que cresci e comecei a ver tudo com outros
olhos, e tapei os ouvidos ao preconceito, vi que eu podia ao menos tentar já
que aquilo me fascinava tanto.
3. Conte como foi seu início neste
esporte e suas dificuldades: Resumindo a história, uma amiga tinha um vizinho
que possuía uma CBR450, e na cara dura pedi pra me ensinar a pilotar. Subi na
moto, ele na garupa, me ensinou como trocar de marcha, como frear e pronto.
Liguei a moto, saí andando como se já houvesse pilotado antes, e com ele na
garupa teimando que eu estava enganando ele, que eu já pilotava motos. Hoje eu
admiro a coragem dele de deixar alguém que nunca havia pilotado nem uma
biz…hehe
4. E quantas motos: 4 anos com
CBR450 SR 1993 (média de 40.000km); 4 anos com ZX-9R 1994 (média de 35.000km);
A 8 meses com a CBR1000RR HRC 2007 (já 12.000km rodados).
5. A atual moto: CBR1000RR HRC
2007
6. Fale sobre sensações/importância/significado
pra tua vida: Acho que aquela frase que todos dizem sobre a moto, “uma sensação
de liberdade”, é verdade sim. Entretanto, para mim a sensação de liberdade é
constante pois somos donos do nosso destino, tudo depende de nós mesmos e temos
a liberdade de fazermos as escolhas que queremos. Para mim a moto dá uma
extrema sensação de prazer em pilotar, uma extrema felicidade que como vc disse
lá na Tenda, tem preço sim…hehe É só falar a palavra “moto” ou ouvir o ronco de
uma passando que os olhos brilham, o sorriso aparece naturalmente em meu rosto.
Para mim tem grande importância e significado. Não tem dia ruim estando na
estrada de moto, já tive que fazer escolha em relacionamento (optei pela moto é
claro) e a tornei minha grande companheira. Graças a essa vida em duas rodas,
tenho hoje grandes amizades. Você pode sair sozinho pra um passeio de moto, mas
com certeza encontrará amigos e fará novos… Às vezes nem nossa própria família
nos compreende tão bem quanto nossos amigos motociclistas…
7. Em relação ao apoio da família:
No início foi muito complicado, hoje já é mais tranqüilo, mas há ainda a grande
preocupação cada vez que saio com a moto. Compreendo esta preocupação, porque
estou ciente de que estou montada em uma arma. Atualmente estou em um
relacionamento onde recebo total apoio, mas com aquele recadinho “se cuida qdo
for pra estrada porque tem alguém aqui que vai estar esperando você voltar”.
8. Sua melhor viagem: De Curitiba
a Caxias, quando eu trouxe esta CBR. Fui no sábado na loucura de ir na garupa
de uma R1 até Curitiba, doía até a alma…hehe mas no domingo subi na moto e
lembro de cada momento até aqui, vim me lembrando destes 5 anos sem moto, da
batalha, do quanto eu me empenhei, do quanto chorei naqueles sábados de sol, do
quanto me isolei dos amigos, do quanto eu estava triste sem este pedacinho
perto de mim, e entre estes pensamentos rezei agradecendo!!! Chegando aqui só
larguei a mochila em casa e fui pra estrada de novo, fui andar na serra, não
queria parar de andar. Fiquei 5 anos sem moto, e quando eu realizei novamente
este sonho, disse o Érico lá em Curitiba, “o sorriso não sai mais do seu
rosto”.
9. As longas distâncias
percorridas, quais? A mais longa foi esta de Curitiba, fora isto Itajaí. Nas
sextas já vou dormir torcendo pra que o final de semana tenha sol e já vou
programando o passeio, quanto mais longe melhor, mais tempo pilotando… Pretendo
fazer uma viagem bem longa no próximo ano, aquelas de ficar uns 20 dias
conhecendo novos lugares.
10. Seu relacionamento com os
motociclistas em geral: perfeito! Sempre digo que uma mulher em um grupo só de
homens consegue conquistar o respeito impondo o respeito. 99% das minhas
viagens foram com motociclistas do sexo masculino e não tive problema algum.
Claro que houveram momentos que alguém tentou se passar comigo, mas levo na
esportiva pra não ficar um clima chato, ou seja, cantadas entram por um ouvido
e já saem por outro… De vez em quando ouvem-se piadinhas machistas também, já
nesse caso não consigo levar na esportiva.
11. Sobre sua participação em
eventos de motociclismo: Inúmeros! Citarei os que lembro: Itajaí, Rio do Sul,
Lages, Gravatal, Rincão, Araranguá, Torres, Tramandaí, Santa Maria, Triunfo,
Taquara, Igrejinha, Bento Gonçalves, Veranópolis, Nova Petropolis, Xangri-lá.
Atualmente não participo dos eventos o tanto quanto participei de 1998 a 2006.
Quem anda de moto desde aquela época e participava dos encontros, deve
lembrar-se do quanto era diferente, do quanto era prazeiroso ir a um encontro
de moto. Na minha opinião, hoje o único lugar que eu considero um “encontro de
moto como da época antiga” é a Tenda do Umbu, um único lugar que restou onde os
motociclistas encontram-se simplesmente pra compartilhar da mesma paixão, as
motos. Um único lugar onde encontram-se os apaixonados pelas suas máquinas pra
compartilhar as novidades, trocar idéias, rever amigos, enfim, um lugar de
respeito aos motociclistas.
12. Sobre pistas e/ou
profissionalismo: Em Agosto, dois amigos (Marcos e Marcelo) convidaram para ir
à Guaporé assistir aos treinos que antecediam o Gaúcho de Motovelocidade e
também ver o curso do Rad Racing School. Chegando lá, o pessoal da escola de
pilotagem nos convidaram para andar junto com os alunos e eu não consegui
recusar…hehe Antes de entrar na pista vieram mil e um pensamentos… primeiro
lembrei do que os amigos Cristian e Massa diziam. O Cris certa vez disse “você
que adora pilotar tem que andar na pista, você vai ver que é bem melhor que
andar na estrada”, o Massa disse “a pista vai te levar a fazer coisas que você
nunca imaginou fazer” (isso vai ser só depois de algum treino…hehe). Vieram
também pensamentos “como será? Vou sentir medo? É como andar na estrada?” Até
que veio aquele pensamento medonho… “minha moto é minha preciosidade, tenho que
cuidar, não posso cair com ela assim toda perfeitinha, não posso errar o
traçado da curva, vou ter que ir bem devagarinho, não posso me empolgar…”, bom
em 2 minutos meu cérebro trabalhou muito. Recomendação do instrutor “primeira
vez então vai de boa, principalmente na primeira volta, e depois se for
sentindo que dá pra acelerar mais, vai… mas com cautela”. Resultado: 1º “me
apaixonei pela pilotagem na pista, volta a volta queria mais e mais, queria
andar mais rápido, dar uma abusadinha mas ops! Minha moto precisa sair daqui
intacta, batalhei muito e não posso estragar tudo em uma empolgação de uma
tarde”. 2º pra brincar melhor preciso trocar de moto, uma mais leve e menor de
“entre eixos”, pois sou pequena né…hehe 1,67 pra esta moto é pouco tamanho! Até
o final do ano decidirei qual será a substituta da HRC. 3º tenho agora um novo
sonho, quero andar na pista com uma moto só pra pista, mas nesse caso complica…
pra realizar por conta própria só daqui uns anos, antes preciso criar vergonha
na cara e comprar minha própria casa. Pra realizar isso através de patrocínio é
mais complicado ainda. Sejamos realistas que o motociclismo aqui no Brasil não
é visto como um esporte pela maioria, e sim como apenas um “hobby”. Já é
difícil patrocínio aos motociclistas do sexo masculino, imagina então pra uma
mulher, pois outro fato existente é o preconceito menor que a anos atrás, mas
ainda existente.
13. Sua participação em
motogrupos: Andei mais sozinha do que com motogrupo. Fiz algumas viagens com o
MC Bento Gonçalves, depois fui integrante do motoclube Rotas do Sul por uns
dois anos, do qual guardo um carinho enorme, logo após vendi a Kawa e querendo
ou não acabei me afastando do grupo e de todo pessoal das motos que eu tinha
contato. Hoje não participo de nenhum motogrupo mas tenho um grupo de amigos em
que nos reunimos durante a semana e nos fins de semana para os passeios, um
verdadeiro “grupo de amigos”.
14. Seus apontamentos finais:
Agora em Outubro ou Novembro farei um curso de pilotagem, quero melhorar,
preciso melhorar… quero suprir minhas próprias expectativas, quem sabe rola um
patrocínio e eu consiga participar pelo menos do campeonato gaúcho um dia?!
Quem não vive de sonhos não vive, apenas existe… Fico muito feliz em ver o
quanto cresce o número de mulheres saindo da garupa e indo para os passeios em
sua própria motocicleta, mais feliz ainda quando vejo as mulheres andando na
pista, sem preconceito em volta, com apoio dos próprios competidores.
Super beijo e até a próxima
MOTOCICLISTA….
Julie M.
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