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Wednesday, September 28, 2011

Mais motociclistAs… desta vez, aqui pertinho e uma pessoa determinadíssima!




Mais motociclistAs… desta vez, aqui pertinho e uma pessoa determinadíssima!


Tenho escrito sobre estas corajosas e bravas mulheres em suas superbikes, algumas em pistas participando de campeonatos disputando de igual pra igual, como a Cris Trentim (e outras que ainda irei publicar) e as que, como eu, apenas amam e pilotam suas paixões!
Lá no meu primeiro artigo, em novembro de 2005, escrevi sobre esta ragazza… Minha companheira, estímulo para acreditar no meu grande sonho em ter a minha superbike também. Deixo o link aqui para vocês viajarem no tempo como eu fiz:
http://www.motoesporte.com.br/motogatas/juli%20ilaine%20sc.htm http://www.motoesporte.com.br/coluna/juli/28-11.htm

Eis que, like a Phoenix, Dona Ilaine retorna com força total! Desta vez com sua super poderosa, maravilhosa CBR1000RR! Além de tudo, linda como toda Honda é! Então, não resisti, pois esta mulher é um exemplo de determinação e muita coragem… Naquela época eu já achava ela bárbara pilotando sua Kawasaki, hoje nem preciso falar… pois ela mesma irá dizer a vocês quem ela é! E andei com ela naquele tempão lá atrás e hoje também! Ela segue excelente piloto, alguém para admirar e quem sabe, apostar. É o que ela vai falar ao longo desta entrevista. À princípio fiz um roteiro pensando em construir um texto a partir dele, porém ficou bem bacana e resolvi deixar assim. Com vocês as palavras da Ilaine Ceratti!!!!



1. Identificação: Ilaine Ceratti, 34 anos, gerente financeiro, Caxias do Sul-RS.

2. Fale como e quando começou o interesse por motos: Comecei acompanhando o surgimento das esportivas, na época as Kawasaki, em 1991, então com 14 anos. Só olhava, achando que seria muito difícil, impossível pilotar uma, e querendo ou não, a sociedade já empunhava que isto era “coisa de menino”, até que cresci e comecei a ver tudo com outros olhos, e tapei os ouvidos ao preconceito, vi que eu podia ao menos tentar já que aquilo me fascinava tanto.

3. Conte como foi seu início neste esporte e suas dificuldades: Resumindo a história, uma amiga tinha um vizinho que possuía uma CBR450, e na cara dura pedi pra me ensinar a pilotar. Subi na moto, ele na garupa, me ensinou como trocar de marcha, como frear e pronto. Liguei a moto, saí andando como se já houvesse pilotado antes, e com ele na garupa teimando que eu estava enganando ele, que eu já pilotava motos. Hoje eu admiro a coragem dele de deixar alguém que nunca havia pilotado nem uma biz…hehe


4. E quantas motos: 4 anos com CBR450 SR 1993 (média de 40.000km); 4 anos com ZX-9R 1994 (média de 35.000km); A 8 meses com a CBR1000RR HRC 2007 (já 12.000km rodados).

5. A atual moto: CBR1000RR HRC 2007

6. Fale sobre sensações/importância/significado pra tua vida: Acho que aquela frase que todos dizem sobre a moto, “uma sensação de liberdade”, é verdade sim. Entretanto, para mim a sensação de liberdade é constante pois somos donos do nosso destino, tudo depende de nós mesmos e temos a liberdade de fazermos as escolhas que queremos. Para mim a moto dá uma extrema sensação de prazer em pilotar, uma extrema felicidade que como vc disse lá na Tenda, tem preço sim…hehe É só falar a palavra “moto” ou ouvir o ronco de uma passando que os olhos brilham, o sorriso aparece naturalmente em meu rosto. Para mim tem grande importância e significado. Não tem dia ruim estando na estrada de moto, já tive que fazer escolha em relacionamento (optei pela moto é claro) e a tornei minha grande companheira. Graças a essa vida em duas rodas, tenho hoje grandes amizades. Você pode sair sozinho pra um passeio de moto, mas com certeza encontrará amigos e fará novos… Às vezes nem nossa própria família nos compreende tão bem quanto nossos amigos motociclistas…


7. Em relação ao apoio da família: No início foi muito complicado, hoje já é mais tranqüilo, mas há ainda a grande preocupação cada vez que saio com a moto. Compreendo esta preocupação, porque estou ciente de que estou montada em uma arma. Atualmente estou em um relacionamento onde recebo total apoio, mas com aquele recadinho “se cuida qdo for pra estrada porque tem alguém aqui que vai estar esperando você voltar”.

8. Sua melhor viagem: De Curitiba a Caxias, quando eu trouxe esta CBR. Fui no sábado na loucura de ir na garupa de uma R1 até Curitiba, doía até a alma…hehe mas no domingo subi na moto e lembro de cada momento até aqui, vim me lembrando destes 5 anos sem moto, da batalha, do quanto eu me empenhei, do quanto chorei naqueles sábados de sol, do quanto me isolei dos amigos, do quanto eu estava triste sem este pedacinho perto de mim, e entre estes pensamentos rezei agradecendo!!! Chegando aqui só larguei a mochila em casa e fui pra estrada de novo, fui andar na serra, não queria parar de andar. Fiquei 5 anos sem moto, e quando eu realizei novamente este sonho, disse o Érico lá em Curitiba, “o sorriso não sai mais do seu rosto”.

9. As longas distâncias percorridas, quais? A mais longa foi esta de Curitiba, fora isto Itajaí. Nas sextas já vou dormir torcendo pra que o final de semana tenha sol e já vou programando o passeio, quanto mais longe melhor, mais tempo pilotando… Pretendo fazer uma viagem bem longa no próximo ano, aquelas de ficar uns 20 dias conhecendo novos lugares.

10. Seu relacionamento com os motociclistas em geral: perfeito! Sempre digo que uma mulher em um grupo só de homens consegue conquistar o respeito impondo o respeito. 99% das minhas viagens foram com motociclistas do sexo masculino e não tive problema algum. Claro que houveram momentos que alguém tentou se passar comigo, mas levo na esportiva pra não ficar um clima chato, ou seja, cantadas entram por um ouvido e já saem por outro… De vez em quando ouvem-se piadinhas machistas também, já nesse caso não consigo levar na esportiva.

11. Sobre sua participação em eventos de motociclismo: Inúmeros! Citarei os que lembro: Itajaí, Rio do Sul, Lages, Gravatal, Rincão, Araranguá, Torres, Tramandaí, Santa Maria, Triunfo, Taquara, Igrejinha, Bento Gonçalves, Veranópolis, Nova Petropolis, Xangri-lá. Atualmente não participo dos eventos o tanto quanto participei de 1998 a 2006. Quem anda de moto desde aquela época e participava dos encontros, deve lembrar-se do quanto era diferente, do quanto era prazeiroso ir a um encontro de moto. Na minha opinião, hoje o único lugar que eu considero um “encontro de moto como da época antiga” é a Tenda do Umbu, um único lugar que restou onde os motociclistas encontram-se simplesmente pra compartilhar da mesma paixão, as motos. Um único lugar onde encontram-se os apaixonados pelas suas máquinas pra compartilhar as novidades, trocar idéias, rever amigos, enfim, um lugar de respeito aos motociclistas.



12. Sobre pistas e/ou profissionalismo: Em Agosto, dois amigos (Marcos e Marcelo) convidaram para ir à Guaporé assistir aos treinos que antecediam o Gaúcho de Motovelocidade e também ver o curso do Rad Racing School. Chegando lá, o pessoal da escola de pilotagem nos convidaram para andar junto com os alunos e eu não consegui recusar…hehe Antes de entrar na pista vieram mil e um pensamentos… primeiro lembrei do que os amigos Cristian e Massa diziam. O Cris certa vez disse “você que adora pilotar tem que andar na pista, você vai ver que é bem melhor que andar na estrada”, o Massa disse “a pista vai te levar a fazer coisas que você nunca imaginou fazer” (isso vai ser só depois de algum treino…hehe). Vieram também pensamentos “como será? Vou sentir medo? É como andar na estrada?” Até que veio aquele pensamento medonho… “minha moto é minha preciosidade, tenho que cuidar, não posso cair com ela assim toda perfeitinha, não posso errar o traçado da curva, vou ter que ir bem devagarinho, não posso me empolgar…”, bom em 2 minutos meu cérebro trabalhou muito. Recomendação do instrutor “primeira vez então vai de boa, principalmente na primeira volta, e depois se for sentindo que dá pra acelerar mais, vai… mas com cautela”. Resultado: 1º “me apaixonei pela pilotagem na pista, volta a volta queria mais e mais, queria andar mais rápido, dar uma abusadinha mas ops! Minha moto precisa sair daqui intacta, batalhei muito e não posso estragar tudo em uma empolgação de uma tarde”. 2º pra brincar melhor preciso trocar de moto, uma mais leve e menor de “entre eixos”, pois sou pequena né…hehe 1,67 pra esta moto é pouco tamanho! Até o final do ano decidirei qual será a substituta da HRC. 3º tenho agora um novo sonho, quero andar na pista com uma moto só pra pista, mas nesse caso complica… pra realizar por conta própria só daqui uns anos, antes preciso criar vergonha na cara e comprar minha própria casa. Pra realizar isso através de patrocínio é mais complicado ainda. Sejamos realistas que o motociclismo aqui no Brasil não é visto como um esporte pela maioria, e sim como apenas um “hobby”. Já é difícil patrocínio aos motociclistas do sexo masculino, imagina então pra uma mulher, pois outro fato existente é o preconceito menor que a anos atrás, mas ainda existente.



13. Sua participação em motogrupos: Andei mais sozinha do que com motogrupo. Fiz algumas viagens com o MC Bento Gonçalves, depois fui integrante do motoclube Rotas do Sul por uns dois anos, do qual guardo um carinho enorme, logo após vendi a Kawa e querendo ou não acabei me afastando do grupo e de todo pessoal das motos que eu tinha contato. Hoje não participo de nenhum motogrupo mas tenho um grupo de amigos em que nos reunimos durante a semana e nos fins de semana para os passeios, um verdadeiro “grupo de amigos”.



14. Seus apontamentos finais: Agora em Outubro ou Novembro farei um curso de pilotagem, quero melhorar, preciso melhorar… quero suprir minhas próprias expectativas, quem sabe rola um patrocínio e eu consiga participar pelo menos do campeonato gaúcho um dia?! Quem não vive de sonhos não vive, apenas existe… Fico muito feliz em ver o quanto cresce o número de mulheres saindo da garupa e indo para os passeios em sua própria motocicleta, mais feliz ainda quando vejo as mulheres andando na pista, sem preconceito em volta, com apoio dos próprios competidores.

 Então amigos, esta é a Ilaine, gaúcha, apaixonada e que flutua ao falar sobre motos tamanha sua paixão! E a Tenda do Umbu que ela comenta, está localizada em Picada Café, Rio Grande do Sul, a beira da BR116. É mais ou menos o que os paulistas tem no Serra Azul em Itupeva! Ah! e quem quiser dar uma espiadinha no que estamos falando, esta Tenda do Umbu tem no seu site um link com camêra de vídeo on time e full time! Se acessarem aos sábados à tarde, talvez vejam a Ilaine por lá!!!

Super beijo e até a próxima MOTOCICLISTA….

Julie M.





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