Para compensar meu afastamento, seguem algumas reflexões que são pertinentes em meio aos atuais acontecimentos no país. Sempre falo sobre segurança, educação e respeito no e para o trânsito. Comportamento adequado de nós motociclistas e motoristas para uma harmoniosa convivência, menos acidentes, menos sustos, menos fatalidades.
Mas e a nossa segurança enquanto indivíduos, cidadãos, pagadores de impostos (afff e quantos...) onde é que fica?
Lamentavelmente estamos vivenciando –alguns in loco, outros pela mídia- uma guerra ao narcotráfico. Triste situação a que chegamos. Termos de declarar guerra para re-conquistar o que nunca deveríamos ter perdido, nossa liberdade de ir e vir com segurança e respeito.
Todos que tem assistido os noticiários, ou acompanhado pela internet, twitter e outros sites puderam ver a quantidade de motocicletas apreendidas (329) nestas incursões aos bairros comandados pelo narcotráfico.
Como sabem, participo de vários grupos de motociclistas pelo país e a cada tanto ouço as queixas de seus integrantes pela insegurança que eles têm ao sair com suas motos. Recentemente, um casal muito querido de São Paulo teve suas motos roubadas. Uma foi num cruzamento há algumas quadras de sua casa e muito próximo a uma delegacia de polícia e a outra em poucas semanas depois. Por sorte ambos perderam apenas seu objeto de prazer, lazer, diversão e não se machucaram; obviamente as motos tinham seguro.
O bem material já foi reposto, mas como ficaram estas pessoas? Quem irá repor a sua perda emocional, a sua credibilidade de que existe um sistema para protegê-los? Quem irá sossegar estas pessoas para que elas possam manter seu prazer e sua liberdade de ir e vir com suas motos, objetos de prazer e conquista? São apenas mais duas pessoas que não se acovardaram, repuseram seu patrimônio e voltaram aos seus passeios, mas se já saiam intimidados e angustiados, temerosos por alguma coisa, sairão ainda mais.
Porque comento isso? Por que isso tudo é um circulo vicioso. Parte destes roubos é culpa de alguns proprietários de motos que compram peças de suas motos em mercado duvidoso. Gerando demanda de mercado, oferta e conseqüentemente, roubo. E para completar o ciclo, os valores dos seguros ficam estratosféricos.
Quem nunca ouviu falar do mercado “negro” especializado em peças de moto em São Paulo? E que se não há a peça que você precisa naquele dia, logo, logo ela aparece! E bem baratinha...
O que será que precisaremos fazer para ter a atenção do Estado em relação ao cerceamento que estamos sofrendo, pois estamos sendo privados de usufruir de nossas conquistas e de nosso prazer, além do direito mais claro e óbvio previsto em Constituição, a nossa liberdade.
Quem não pilota talvez ache um exagero da minha parte estar levantando esta questão, uma vez que o ataque definitivo contra o narcotráfico é uma gloriosa conquista. Porém quem pilota sabe da frustração que sentimos quando nos vemos acuados e impossibilitados apenas de passear, de termos que selecionar um roteiro de acordo com as estatísticas de assaltos ou precisarmos de “escolta”.
É meu desabafo e é apenas para reflexão! Eu ainda posso sair com a minha YZF R1 para ir ao trabalho ou qualquer outro lugar, mas sei que não posso mais pensar em sair sozinha (como fazia há alguns anos) para uma auto-estrada e rumar para outro estado. Daqui um tempo, terei que me desfazer do meu prazer conquistado apenas para manter minha integridade emocional, ou quiçá, vida e adeus Vicky!
Abraços, Julie M.
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