Existem coisas na vida que não podemos falar para todos, apenas para quem tem a mesma afinidade ou não seremos compreendidos e quissá, ridicularizados...Já dizia isso quando tratava meu bichano, um fila brasileiro de quase 80kg, como meu filhão, com regalias de criança, com direito a sofá como cama e etc., a ponto de quando estar falando nele, sem mencionar que seria um cão, as pessoas perguntavam se era de meu filho que falava!
Bem, com minha motinho, não vejo muita diferença, pois trata-se de outra grande paixão! Desde que me descobri apaixonada por estes bólidos, fontes de prazer, templos de engenharia, design, materiais de ponta e tecnologia, minha vida nunca mais foi a mesma!!!
Começando com as amizades, possibilidades e disponibilidades. Lógico que o fato de ser mulher, pilotando uma superesportiva, o impacto é sempre maior. Tanto para o lado positivo como para o negativo.
Existe em alguns poucos lugares (graças a Deus) um machismo enrustido onde os homens - machos de carteirinha já desbotada e carcomida- ainda pensam que nosso lugar é frente a um fogão e lidas domésticas, pois motociclismo é assunto de 'macho'.
Graças à globalização, ao vai-e-vem de informações, a maior parte dos seres estão habituados a nos ver fazendo qualquer coisa que outrora tenha sido 'tarefa de homem'. Já escrevi sobre isso uma vez, onde falo de que a tarefa de homem como pai de família, esposo, provedor sempre foi importante e segue sendo, isso vem da época em que eles precisavam caçar pra alimentar sua família, detinham a força física e as mulheres o dom da vida, da gestação.
Infelizmente (ou não, depende do ponto de vista) hoje em dia as coisas são bem diferentes, a brutalidade do avanço em todas as áreas fez com que nós mulheres fossemos buscar fora de casa, no mesmo campo de batalha, o auxilio ao sustento de nossas proles, necessidades e desejos.
Então, o estar em meio aos outrora ditos 'brinquedos de homem' é coisa comum. Foi a necessidade do meio que nos colocou no campo de batalha; então por que haveríamos de ficar apenas com o fardo e sem os prazeres...
Hoje existem mulheres pilotando tudo que se mova, tal qual qualquer homem; trabalhando em tudo que seja capaz fisicamente e olhe que nos superamos, arrumamos força física sabe-se lá de onde.
E por fim, para pilotarmos uma motocicleta? Alta velocidade? Barbada... lógico que precisamos de muita estrada ainda, pois nosso 'passeio' recém começou!
Precisamos também de credibilidade, aceitação, parceria, reconhecimento. Passou o tempo onde éramos coadjuvantes apenas, hoje somos protagonistas e o mínimo que necessitamos é respeito.
Então, não tem como explicar o que sentimos ao pilotar uma moto. Para quem pilota, não precisa explicação. E para quem não pilota, não adianta dar explicação, pois não haverá compreensão. E isso independe de gênero. Homens ou mulheres, sucumbimos aos efeitos desta paixão com igual intensidade.
Quem pilota sabe do que falo!!!
Beijos e até....
Julie M.
Fotos: Bira - Sport Speed Fotos ( www.sportspeed.com.br )
Piloto: Leandro Mello, carona Julie M.
Interlagos - 500 Milhas, Janeiro de 2012
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